Kodak pede concordata nos EUA
A Eastman Kodak, que inventou as câmeras de mão e ajudou o mundo a registrar as primeiras imagens da Lua, entrou com pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos, após um prolongado declínio de uma das companhias mais conhecidas do país.
A companhia de 130 anos e pioneira do filme fotográfico informou que obteve uma linha de crédito de 950 milhões de dólares do Citigroup para continuar operando. O vencimento é de 18 meses.
O empréstimo e a proteção contra credores podem dar à Kodak o tempo necessário para encontrar compradores para algumas de suas 1.100 patentes de tecnologias digitais, o conjunto de ativos mais importante da empresa, e se reestruturar enquanto continua a pagar os 17 mil empregados.
"O conselho de diretores e toda a alta direção acreditam de forma unânime que isso é um passo necessário e a coisa certa a fazer para o futuro da Kodak", declarou o presidente de conselho e presidente-executivo, Antonio Perez, em comunicado.
"Agora teremos que concluir a transformação, reestruturando ainda mais nossos custos e efetivamente nos capitalizando sobre os ativos de propriedade intelectual não essenciais. Queremos trabalhar com nossos acionistas para fazer surgir uma companhia de primeira linha em imagem digital e material científico", acrescentou.
A Kodak informou que a empresa e suas subsidiárias nos EUA recorreram à concordata para reorganização do negócio no tribunal de falências do distrito sul de Nova York. As companhias que não são subsidiárias norte-americanas não fazem parte do processo de recuperação e continuarão a honrar as obrigações com os clientes, afirmou a fabricante.
A Kodak já dominou sua indústria e seu filme fotográfico foi incorporado em uma popular música de Paul Simon, mas a empresa não conseguiu se adaptar a tecnologias mais modernas rápido o suficiente, como a câmera digital, produto inventado pela própria companhia.
O valor de mercado da companhia afundou para 150 milhões de dólares ante 31 bilhões de dólares 15 anos atrás.
Nos últimos anos, o presidente-executivo moveu as atenções da Kodak mais para a área de impressoras de consumo e comerciais. Mas a estratégia fracassou na tentativa de restaurar o lucro da companhia, algo que a Kodak não registra desde 2007, e em estancar a perda de recursos que tornou mais difícil para empresa cumprir com obrigações junto a fundo de pensão e outros benefícios de funcionários e aposentados.
CAMINHANDO NA LUA
George Eastman, que deixou a escola em Nova York, fundou a Kodak em 1880 e começou a fazer chapas fotográficas. Para levar o negócio adiante, comprou um equipamento de segunda mão por 125 dólares.
Oito anos depois, a companhia registrou a marca Kodak e lançou a câmera de mão e os filmes de rolo, se tornando a maior fabricante desses produtos.
Eastman também lançou o pagamento de bônus aos empregados com base nos resultados.
Quase um século após a fundação, o astronauta Neil Armstrong usou uma câmera Kodak do tamanho de uma caixa de sapato quando se tornou o primeiro homem a pisar na Lua, em 1969.
Seis anos depois da viagem de Armstrong, a Kodak inventou a câmera digital. Do tamanho de uma torradeira, a máquina era muito grande para fotógrafos amadores, cujos bolsos agora levam aparelhos de concorrentes como Canon, Casio e Nikon.
Mas, em vez de desenvolver a câmera digital, a Kodak a deixou de lado e passou anos vendo as rivais conquistando o mercado que nunca mais passaria a ter de volta.
Em 1994, a Kodak separou a divisão de produtos químicos, a Eastman Chemical, que se mostrou mais bem-sucedida.
A queda final da Kodak diante dos olhos dos investidores começou em setembro, quando a empresa sacou de maneira inesperada 160 milhões de dólares de uma linha de crédito, levantando preocupações sobre falta de dinheiro. A companhia encerrou aquele mês com 862 milhões de dólares em caixa. (Reuters)
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