Domésticas em extinção
Mais escolarizadas, empregadas migram para outros setores econômicos em busca de melhores salários O crescimento econômico com o aumento do emprego formal nos últimos cinco anos mudou o mercado de trabalho doméstico no país. Mais escolarizadas, as empregadas domésticas migraram para outros setores de atividades que pagam melhor, com mais direitos trabalhistas. Estão nos call centers, atuam como cuidadoras de idosos, no comércio como vendedoras, na construção civil e até como soldadoras e auxiliar de produção de navios. Jovens, apostam na educação para escrever um futuro diferente das mães e avós que se dedicaram ao trabalho em casas de família, para obter o sustento da casa.
(Danielle não quer seguir os passos da mãe Maria de Lourdes e aposta nos estudos Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Pressdicionar legenda) |
A migração da doméstica para outras atividades econômicas é acompanhada pelos institutos de pesquisa. Em 2006, as mulheres que trabalhavam no serviço doméstico na Região Metropolitana do Recife (RMR) representavam 19,1% do total da ocupação feminina. Em quatro anos, esta presença foi reduzida para 16,9%. No grupo de 100 mulheres, caiu de 19 para 16 o número de domésticas. A mudança está na Pesquisade Emprego e Desemprego (PED) do Dieese.
Elas migram para empregos menos precários e com carteira assinada. Uma parte vai para a indústria de transformação, outras vão para o comércio e em menor escala para a construção civil`, destaca Jairo Santiago, coordenador geral da PED na RMR. Ao mesmo tempo, a pesquisa indica que cresceu o número de domésticas com carteira assinada. Entre 2006 e 2010 passou de 31,9% para 43,1% a participação das domésticas com contrato formal de trabalho. Enquanto isso, a informalidade encolheu de 68,1% para 56,9% no mesmo período.
A Pesquisa Mensal de emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que o emprego doméstico encolheu nas seis principais áreas metropolitanas do país, incluindo o Recife. O número de domésticas em atividade caiu de 1.652 para 1.613 entre 2009 e 2010. Na RMR, cerca de mil domésticas deixaram as casas de família e migraram para outros empregos. Elas somavam 114 mil em 2009 e passaram a 113 mil em 2010.
´A queda deste grupamento acontece com a melhora do cenário econômico e o crescimento de alguns setores de atividades. Houve a migração do segmento para serviços prestados às empresas de conservação e limpeza, telemarketing, hospedagem e alimentação`, comenta Cimar Azeredo, gerente da PME/IBGE. A chance de fazer carreira e ganhar mais é um estímulo à migração.
0 Comentários: