Idosa que vivia em cárcere privado em um porão há 16 anos é ouvida pela polícia
Policiais da Delegacia de Defesa da Mulher de Sorocaba (DDM) ouviram, na noite desta quinta-feira (27), a idosa mantida em cárcere privado no porão de casa em condições subumanas por vários anos pelo ex-marido e a atual companheira dele, em Sorocaba, a 92 km de São Paulo. Sebastiana Aparecida Groppo, que está na casa de um dos filhos, em Alumínio, não conseguiu se expressar. "Ela dizia apenas palavras desconexas", informou a delegada Ana Luísa Job Salomone, que investiga o caso.
Ainda de acordo com a delegada, Sebastiana deve permanecer na casa do filho. "Eles a tratam bem e vão providenciar uma enfermeira para cuidar dela". Na tarde de quinta, a idosa já havia passado por exame de delito no Instituto Médico-Legal (IML) de Sorocaba.
Em depoimento à polícia, o ex-marido de Sebastiana, João Batista Groppo, afirmou que mantinha a mulher presa porque ela era agressiva e tinha problemas mentais. No entanto, deu várias versões sobre o tempo em que a vítima estava presa no porão. Primeiramente, disse que ela era mantida no local desde 1985. Depois, mudou a versão para 1995. Por último, afirmou que ela se encontrava presa desde 2003.
Filho depõe
Um dos filhos da vítima compareceu a DDM da cidade nesta quinta-feira (27). Segundo a delegada Ana Luísa Job Salomone, João Batista Groppo Júnior disse que sabia que a mãe morava no porão da casa, mas não naquelas condições subumanas, porque não tinha um bom relacionamento com o pai. Ele afirmou que a última vez que a visitou na casa onde ela estava em cárcere privado foi em 2009. "É uma família desestruturada. Ele está abalado, mas não apóia o pai", disse a delegada. O depoimento dele durou cerca de uma hora.
De acordo com a DDM, Groppo Júnior não é considerado suspeito até o momento. O outro filho que mora no exterior deve vir ao Brasil para prestar depoimento, segundo a delegada.
Prisão
A defesa do ex-marido de Sebastiana e da atual mulher dele disse por telefone ao G1 que já entrou com pedido de liberdade provisória para que o casal possa responder pelo crime de cárcere privado em liberdade. O advogado José Carlos Gallo aguarda decisão da Justiça. Se condenados, eles podem pegar até oito anos de prisão. Groppo foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba. Já Maria Aparecida Furquim foi levada para a cadeia feminina de Votorantim, a 105 km de São Paulo.
A idosa foi encontrada nesta quarta-feira (26) pela polícia sobre uma cama de concreto, praticamente sem roupas, enrolada em um cobertor. Segundo a delegada Jaqueline Barcelos Coutinho, da DDM, as condições em que a mulher vivia eram subumanas. "O cômodo onde ela estava não tinha condições de higiene, paredes com bolor, água pelo chão, baratas, caramujos, janelas emperradas, e não entrava sol. A comida era passada para ela através da grade que dava acesso ao local. Ela não tinha nenhuma condição de defesa."
Assista ao vídeo:Fonte: Portal G1
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