Crédito consignado tem juros baixos, mas pode comprometer a renda
Uma tentação que movimenta uma em cada três operações de empréstimo a pessoas físicas em todo o Brasil. Hoje o crédito consignado, aquele que o trabalhador pega o dinheiro no banco e autoriza o desconto em folha de pagamento, movimenta R$ 150 bilhões.
Os juros mais baixos são o principal atrativo do empréstimo consignado. A taxa é muito menor do que a cobrada em cartões de crédito, cheque especial e outros empréstimos. Os juros do cheque especial vão de 10% a 15% ao mês. Num crédito pessoal ficam entre 4% e 6%. Já os do crédito consignado variam entre 2% e 4% ao mês, dependendo do banco.
"Ele é indicado para quem tem dificuldade financeira e vai precisar recorrer à fonte externa para salvar a situação, liquidar esse problem", explica Gilberto Braga, professor de finanças
Outra vantagem é que o consumidor sabe exatamente quanto e como vai pagar. "É fixo durante todo o prazo que você contratar. Então você sabe a quantidade de parcelas, o valor mensal e você pode se programar em relação a quanto vai sobrar do seu salário e o que você vai poder gastar com as outras coisas do seu orçamento", afirma o professor.
Foi o que fez a funcionária púbçica Sandra Pinheiro. Ela estava devendo R$ 6 mil e entrava no cheque especial todos os meses. Se continuasse nesse ritmo, com juros de 12,5%, ao final de um ano, a dívida chegaria a R$ 24 mil. No consignado, a 3,5% os R$ 6 mil viram R$ 9 mil.
Foi vantagem trocar a dívida mais cara por uma mais barata, mas agora ela tem outro problema. Na prática, o salário de Sandra diminuiu e vai ficar assim até 2014. "Eu estou muito preocupada, porque está comprometendo meu salário", diz.
O economista alerta que só deve fazer empréstimo quem realmente precisa: "Muitas pessoas contratam a operação de emprésatimo só porque tem direito, porque o colega fez ou porque tem o dinheiro numa caderneta de poupança, mas não quer mexer".
E é bom usar a dificuldade para aprender a se organizar. "Precisa haver uma mudança de hábito para controlar, e poder sobrar mais, para comprar mais sem se endividar", ensina Gilberto.
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