Cenário encontrado em boate era de holocausto, diz delegado
O delegado Mauro Mendes, que integra a
força-tarefa montada para investigar as causas do incêndio na Boate
Kiss, em Santa Maria (RS), disse que o fogo pode ter se espalhado pelo
sistema de ventilação do prédio. Segundo ele, o cenário encontrado
depois da tragédia era de “guerra, de holocausto”, e que estão sendo
investigadas as falhas encontradas preliminarmente pela investigação.
“Os peritos ficarão aqui, precisamos
descobrir as origens do incêndio, o local onde ele se propagou, porque
se propagou… pode ter sido através do sistema de exaustão do local, o
fogo teria chegado até ali, e dali se espalhado. Estamos analisando a
questão das portas de acesso, que eram pequenas para a quantidade de
pessoas que estavam ali dentro. O alvará do estabelecimento estaria
vencido, precisamos ver porque não foi renovado. O proprietário afirmou
que eles teriam solicitado um novo alvará para a prefeitura, mas por que
eles não têm o alvará, ainda não sabemos, falta de algum requisito
legal. Mas ainda são fatores preliminares. Ainda é cedo para se fazer
qualquer pré-julgamento, mas que existem falhas, existem”, afirmou o
delegado.
Um dos proprietários se apresentou à
polícia, mas um segundo sócio teria se escondido. No entanto, sem o
resultado da perícia, a polícia ainda não pode falar em indiciamento ou
pedidos de prisão. “Procuramos essa pessoa na casa onde morava, então,
aparentemente, existe uma ação de se furtar na colaboração com a
polícia”. Segundo o delegado, entretanto, os responsáveis podem ser
indiciados por homicídio culposo e incêndio.
“A casa estava registrada em nome de
terceiros, parentes dos verdadeiros proprietários, mas maiores
confirmações só poderão ser confirmadas quando o segundo proprietário se
apresentar a polícia”, afirmou Mendes.
Segundo ele, os depoimentos apontam que
havia entre 900 e 1 mil pessoas na boate, número menor que a capacidade
do estabelecimento, que seria de 1,5 mil pessoas. No entanto, a falta de
vias de escape é o mais preocupante. “Se a gente analisar o ambiente,
está totalmente tomado de fuligem, então a fumaça se espalhou lá dentro
certamente por não ter saídas nem janelas. Isso fez com que a fumaça
afetasse as pessoas e impedisse que algumas delas conseguissem sair”,
afirmou.
Ele disse que muitos dos corpos estavam
sem documentos, o que pode fazer com que algumas das vítimas só possam
ser reconhecidas por meio de impressão digital ou exame de DNA.
Incêndio na Boate Kiss
Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo iniciou com um sinalizador lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
Segundo um segurança que trabalhava no
local, muitas pessoas foram pisoteadas. “Na hora que o fogo começou foi
um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da
boate e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e
muita gente morreu tentando sair”, contou. O local foi interditado e os
corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de
pessoas se reuniam em busca de informações.
A prefeitura da cidade decretou luto
oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e
psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma
Rousseff interrompeu viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a
cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos
mortos.
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