Sócia de restaurante nega racismo em caso envolvendo criança em SP

terça-feira, janeiro 03, 2012 Inaildo Dionisio 0 Comentários


Uma das sócias do restaurante Nonno Paolo, Camila Pereira, de 22 anos, afirmou nesta terça-feira (3) que não existe racismo no restaurante. “Nós não temos preconceito nenhum. Vocês podem ter certeza. Como ter preconceito no Brasil?”, questionou. O restaurante, no bairro do Paraíso, na Zona Sul de São Paulo, foi acusado por um casal de espanhóis de expulsar no dia 30 o filho deles, um menino negro de 6 anos, adotado na Etiópia. Segundo os pais, ele foi segurado pelo braço e levado até o lado de fora.

Ela afirmou que o gerente do Nonno Paolo apenas conversou com o menino e o questionou sobre a presença dos pais porque ele estava próximo à mesa de self-service, onde o fogo é mantido acesso para esquentar as panelas. “Simplesmente perguntou para ele. Onde está sua mãe? Onde está seu pai?”. Segundo ela, o menino ficou com medo e decidiu correr.

Camila disse lamentar o fato de os pais da criança terem deixado o estabelecimento sem conversar sobre o ocorrido. "Eu entendo o lado deles. Mas eu acho que, de repente, poderia ter tido uma conversa, que não precisaria de tudo isso, porque realmente não foi o que aconteceu."

A sócia disse confiar em todos os seus funcionários. Afirmou ainda que o restaurante decidiu afastar o gerente para preservá-lo enquanto o assunto não é resolvido. Segundo ela, clientes que frequentam a pizzaria há muito tempo e conhecem os donos e funcionários ligam sem parar para prestar solidariedade.

Camila disse que outros clientes preferiram não ir ao restaurante nesta terça-feira (3) e que foi possível perceber que o movimento caiu. "Foi porque ainda não tínhamos nos manifestado sobre o caso e explicado tudo."

O relato de Camila é diferente do dos familiares do menino. A tia dele, Aurora Costales, disse que o menino foi encontrado na Rua Abílio Soares após ser retirado do local. "Chorando e muito, muito assustado. Perguntamos: onde você estava indo? Ele falou: Um senhor botou fora."

A polícia investiga o caso. O delegado Márcio de Castro Nilsson afirmou que, pelas circunstâncias, "tende a ter ocorrido um delito de preconceito de raça ou de cor". (G1)

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