Oficial da PM faz representação contra juiz de direito da comarca de Águas de São Pedro-SP
A Corregedoria Geral da Justiça recebeu uma representação da Polícia Militar do Estado de São Paulo contra o juiz de direito da Comarca de São Pedro, Rodrigo Peres Servidone Nagase, por suposta conduta indisciplinar. Durante uma conversa em seu gabinete com o comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar de São Pedro, Marcelo Luis Caron, o juiz teria cobrado tratamento diferenciado à promotora de Justiça Érika Angeli Spinetti, que teria sofrido um acidente de trânsito na cidade de Piracicaba. O escrevente técnico-judiciário da Corregedoria Geral da Justiça, João Santiago, confirmou ao Jornal de Piracicaba o recebimento da representação, encaminhada à Dima (Diretoria de Magistratura) para apuração. Nagase deverá receber um prazo para esclarecimento do comunicado feito pela polícia.
No documento, Caron afirmou que o juiz comentou sobre a possibilidade de uma viatura da PM de Piracicaba ter ido até o local do acidente da promotora para registrar a ocorrência. O “estopim” para a discussão teria sido provocado depois que o comandante afirmou ao juiz que a PM segue algumas normas corporativas e que acidentes de trânsito sem vítima e com os veículos em condições de locomoção deveriam se deslocar para a unidade policial mais próxima para fazer o Boletim de Ocorrência.
Segundo as declarações de Caron anexadas à representação, o juiz teria dito palavras de baixo calão e colocado até mesmo em dúvida o trabalho da PM no município de São Pedro, e, em seguida, esmurrou uma das mesas do gabinete perguntando se o comandante teria ido afrontá-lo.
“Vocês aqui são um bando de vagabundos, todos não fazem nada. Falo mesmo, porque aqui vão fazer o que eu quiser, o que eu mando. Os policiais daqui só abordam autoridades. Por quê? Deve ser porque não dá nada e eles não terão dessa forma mais serviço. Fui abordado três vezes pelos policiais militares de Águas de São Pedro. Agora vagabundo ninguém aborda”, teria relatado o juiz ao comandante da PM de São Pedro, conforme o texto da representação. O JP entrou em contato com o comandante da PM, que não quis dar entrevista.
O texto relatado pela polícia diz também que o juiz supostamente “mandaria” em um policial militar que faz a segurança no prédio do Fórum de São Pedro. “Ele está aqui para me servir. E não tem essa de escalá-lo. Quem manda nele sou eu. Tem que dançar o que eu quiser. E vou falar mais hein, pode chamar o Elpídio, quem você quiser que eu estou c… pra isso. Vai, pode chamar”, teria dito o juiz, conforme outra parte do documento.
Caron também afirmou na representação que em momento algum afrontou o juiz ou retrucou os supostos xingamentos, e que passados 15 minutos de ofensas teria sido “convidado”, aos berros, a se retirar da sala. Procurada pela reportagem, a promotora não quis comentar o assunto por telefone. O JP também tentou contato dois dias seguidos com o juiz Rodrigo Peres Servidone Nagase, que não se manifestou sobre o assunto e não retornou as ligações até o fechamento desta edição.
Fonte: Jornal de Piracicaba
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