Secretário de Segurança do Rio de Janeiro diz que não há como evitar onda de violência

segunda-feira, novembro 22, 2010 Inaildo Dionisio 0 Comentários

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse na tarde desta segunda-feira (22) em Brasília que não há como evitar a ação de criminosos nas ruas. Segundo ele, seria um blefe do Estado dizer que a polícia irá coibir atentados e arrastões como os que vêm ocorrendo na cidade. Desde o fim de semana até a manhã desta segunda-feira foram seis ataques.

- Não tem como garantir isso (evitar os ataques). Quem garantir isso é um blefe. O que nós temos que fazer é buscar antecipar isso e buscar os autores.

Para Beltrame, a série de arrastões ocorridos neste último fim de semana na capital fluminense partiu de uma "pequena parte" de uma facção criminosa, com domínios sobre presídios do Estado.

- O Depen ainda não me confirmou, mas temos algumas informações que tem determinados eventos no RJ que não acontecem sem alguma anuência destas facções.

Ele disse que vai reforçar o envio de criminosos do Rio para presídios federais e defendeu a continuidade da atual política de segurança do Estado.

Ele afirmou que o setor de inteligência da polícia levanta uma relação de criminosos presos em penitenciárias do Rio para serem transferidos para presídios federais de segurança máxima fora do Estado.

- Já mandei 40 e agora a fila vai andar.

Beltrame reafirmou ainda a avaliação já feita pelo governador Sérgio Cabral de que os ataques foram uma reação do tráfico à instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) em comunidades dominadas pelo tráfico no Rio e defendeu a continudade da atual política de segurança pública do Estado.

- Pensavam que após o período eleitoral, a política ia ser esvaziada. Não vai ocorrer. Sei que isso causa medo, mas o que vai resolver isso é o planejamento estratégico. Imediamente debelar armas e acabar com o tráfico em áreas.

O secretário ainda evitou revelar as próximas medidas da polícia e antecipar quais locais serão ocupados com ações repressivas.

Atualmente, existem UPPs em 13 comunidades do Rio. A próxima será instalada no Morro dos Macacos em dezembro, segundo Beltrame. A meta é chegar a 40 até 2014, quando a cidade será uma das sedes da Copa do Mundo de futebol.

Beltrame esteve reunido nesta segunda em Brasília com o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Ricardo Ballestreri. Ele afirmou que a reunião já estava marcada e negou pedido de reforço da Polícia Federal ou da Guarda Nacional para controlar a situação do Rio de Janeiro.

48 horas de terror pela cidade

Desde a noite de sábado (20) até o início da manhã desta segunda-feira, seis ataques criminosos a motoristas foram registrados na região metropolitana no Rio. Tudo isso em menos de 48 horas.

A última ação ocorreu esta manhã, quando bandidos incendiaram dois carros e uma van no trevo das Margaridas, em Irajá, na zona norte da capital. A suspeita é de que seja mais uma retaliação às UPPS (Unidade de Polícia Pacificadora), que vêm expulsando criminosos dos morros e favelas desde dezembro de 2008.

A série de crimes do fim de semana começou por volta das 23h15 de sábado (20), na rodovia BR-116 (Rio-Magé), na altura de Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Durante uma tentativa de arrastão, um homem, que não conseguiu frear e bateu no carro dos bandidos, levou um tiro de fuzil e morreu. A família da vítima presenciou tudo.

No dia seguinte, dois veículos foram incendiados na linha Vermelha, na altura de Duque de Caxias. A Polícia Militar informou que seis homens armados com fuzis fecharam a pista sentido Centro, mandaram os motoristas e passageiros descerem e atearam fogo em um Fox e um Prisma.

Segundo o BPRV (Batalhão de Polícia Rodoviária), os criminosos ainda dispararam tiros e jogaram uma granada contra um carro da Aeronáutica que passava pelo local. O artefato explodiu, mas ninguém ficou ferido.

A ação dos bandidos não parou por aí. Na zona sul, dois outros crimes assustaram os motoristas. Em Laranjeiras, quatro bandidos assaltaram uma pessoa que estava em um carro na rua Presidente Carlos de Campos. Na rua Bogari, na Lagoa, pelo menos três veículos foram assaltados. Em ambos os casos, as vítimas tiveram pertences e dinheiro roubados.

Na rodovia Presidente Dutra, um outro veículo foi assaltado e o motorista, um homem de 26 anos, baleado de raspão na cabeça. Guilherme Feitosa da Silva foi levado para o hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio, a vítima está em estado grave.

Fonte: R7.com