Seis PMs são indiciados por espancamento e morte de rapaz em Campina Grande

sábado, setembro 15, 2012 Inaildo Dionisio 0 Comentários


A polícia de Campina Grande apresentou, nesta sexta-feira (14), a conclusão do inquérito sobre o rapaz de 27 anos que morreu após ser deixado em frente a um hospital da cidade com sinais de espancamento.

Segundo a delegada de Homicídios da cidade, Cassandra Duarte, seis policiais militares são os principais suspeitos de terem cometido o crime. Eles foram indiciados por tortura seguida de morte e o inquérito será encaminhado ainda nesta tarde para o Ministério Público.

Para chegar a esta conclusão, a polícia se baseou nos depoimentos das testemunhas e no resultado dos exames realizados pelo Instituto de Polícia Científica (IPC). O laudo foi entregue à delegada esta semana e apontou que Tiago Moreira morreu por asfixia provocada por sufocação indireta, compressão torácica e intoxicação exógena.

O exame detalha que a vítima sofreu algum tipo de força contundente na região do tórax, que teria desencadeado um processo de asfixia. Segundo os peritos, só a lesão não poderia ter provocado o óbito, mas a combinação das pancadas com a ingestão de cocaína e bebida alcoólica - cuja presença também foi detectada nos exames - foi fatal.

Os exames apontaram ainda que o jovem teve um pequeno infarto. Ele também havia ingerido álcool. Segundo os peritos, não seria possível a vítima realizar essa compressão na altura do pescoço contra si mesmo, sendo então necessária a ação de uma força externa.

CONCLUSÃO - O inquérito diz que Tiago, que era dependente químico, teria invadido a casa de um Policial Militar e o agredido. A esposa do rapaz conta que ele estava em tratamento e havia sofrido uma crise de abstinência. Durante a tentativa de roubo, o policial conteve Tiago com a ajuda de outro PM à paisana e, em seguida, chamou reforço policial. De acordo com os depoimentos das testemunhas, no momento em que os outros policiais em serviço chegaram, eles passaram a agredir o jovem, embora ele já estivesse rendido e com as mãos amarradas.

Foram os próprios moradores da rua que contaram à polícia ter ajudado os dois policiais à paisana a imobilizar Tiago, que estaria suspostamente descontrolado. A população ainda tentou impedir os policiais de agredirem o rapaz, sem sucesso. Ainda segundo a Polícia Civil, 18 PMs teriam envolvimento no crime. Todos eles foram arrolados no inquérito, mas a delegada responsável pela investigação entendeu que apenas seis participaram da agressão, entre eles o dono da casa e o outro que estava de folga.

A investigação levou a Polícia a concluir que, após a chegada do reforço, os PMs levaram cerca de 50 minutos no local da ocorrência e três minutos para chegar ao hospital onde a vítima teria sido socorrida caso não chegado sem vida. Assim que o crime veio à tona, um funcionário do hospital chegou a dizer que os policiais o teriam forçado a colocar no atestado de óbito que a vítima chegou ao local viva. Segundo a delegada Cassandra Duarte, isso não passou de um mal entendido.

A Polícia Militar também instaurou uma sindicância interna para apurar os fatos. Os militares foram afastados de seus cargos durante as investigações. O Ministério Público deve solicitar uma reconstituição do crime, já que foi recomendada pelo IPC.

CRIME - Tiago Moreira, de 27 anos, chegou morto ao Hospital Doutor Edgley, em Campina Grande, no dia 5 de agosto deste ano. A esposa da vítima, Alessandra Alves, disse à polícia que o rapaz sofreu uma crise de abstinência de drogas e acabou, descontrolado, invadindo a casa de um policial. A casa do PM fica a menos de 30 metros da casa da vítima.

No local, segundo Alessandra, ele teria sido espancado e assassinado por doze policiais. De acordo com a Polícia Militar, consta na ocorrência que o militar e sua esposa foram agredidos por Tiago e chamaram reforço policial para conter o rapaz. Em seguida, o rapaz foi levado pelos policiais e deixado na porta do hospital. (NE10)

0 Comentários: