Pai inicia campanha na internet após filho ser morto por causa do crack
Um pai que perdeu o filho para o crack criou uma página na internet
para lutar contra as drogas. Venício Guimarães é um conhecido advogado
do Ceará e usou uma rede social para alertar os jovens sobre os riscos
do vício. Em uma semana, a mensagem dele foi compartilhada por mais de
200.000 pessoas.
Calcula-se que 70 milhões de internautas tenham visto a foto da
campanha “Acorda Juventude”. O sucesso foi tão grande que Venício chegou
a ser chamado em Brasília para uma reunião com o relator da CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) do combate ao crack.
Tiago Guimarães tinha 30 anos. O primeiro contato dele com as drogas
foi com a maconha. Mas pouco tempo depois surgiu um crack, que, segundo
Venício, afetou a relação entre o rapaz e a família.
— São duas vidas. Uma é com a droga e outra é sem a droga. Sem a droga
era normal, a gente convivia normal e com a droga não. Ele tentou me
matar, foi uma confusão muito grande. Então a gente começa a ter medo do
próprio filho, e daí é complicado.
Após essa briga, o pai teve que expulsar o filho de casa. Tiago passou a
viver nas ruas e a cometer crimes. Mas depois foi morar com a namorada,
com quem teve dois filhos. Só que o relacionamento de 11 anos acabou
quando ela o flagrou comprando cocaína.
No começo deste ano, Tiago foi preso pela quarta vez. A namorada pediu
que ele escolhesse entre a família e as drogas, e o rapaz nunca mais
voltou para casa. O último contato dele por telefone foi em junho. Tiago
disse que estava no Maranhão, com amigos. Mas há duas semanas, uma
ligação anônima confirmou que ele tinha morrido.
— Recebi uma ligação e disseram que o rapaz matou mesmo o Thiago e
matou o outro amigo dele e a mesma pessoa que matou, enterrou junto com o
outro em um cemitério clandestino. Foi horrível.
Um levantamento nacional de álcool e drogas feito neste ano mostra que o
Brasil representa 20% do consumo de cocaína em todo o mundo e já é o
maior mercado de crack do planeta.
O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo) responsável pela pesquisa, falou que o Brasil anda na
contramão de muitos países no que diz respeito ao consumo de drogas.
— O Brasil é um dos poucos países do mundo onde aumenta o consumo de
cocaína, Tanto na Europa, nos Estados Unidos, há um nítido declínio. O
Brasil é exceção até mesmo na América Latina.
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