Nível de Serrinha cai 12 metros por semana e preocupa agricultores
O nível da barragem de Serrinha, na zona rural de Serra Talhada, está
caindo 12 metros por semana, segundo agricultores que moram ao redor do
lago de 311 milhões de metros cúbicos de água. E nem as fortes chuvas
que começam a cair na região neste mês devem ter força o bastante para
salvá-lo, já que os principais problemas de Serrinha são meramente
humanos marcados pelo desperdício, burocracia e negligência. Há cerca de
um ano, a barragem mantém duas comportas abertas, uma delas, conforme o
Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca) e agricultores
locais, deveria estar fechada.
Mas, por conta da quebra de um “macaco” hidráulico, milionárias doses
ininterruptas de metros cúbicos de água estão sendo lançadas em direção
ao nada todos os dias. Serrinha pode passar por momentos difíceis se a
situação continuar. A reportagem do FAROL foi a campo
averiguar a denúncia dos agricultores que moram ao redor da barragem e
comprovou o desperdício. Cerca de 300 famílias que dependem do
manancial, o qual represa águas do Rio Pajeú, se dizem desesperadas com o
quadro da barragem.
“Vendo todo esse desperdício bate o desespero. É muita água sendo
jogada fora, sem qualquer utilidade”, denuncia o agricultor Heleno
Pereira da Silva, 62 anos. Ele afirma que a associação dos assentados da
barragem se reuniu e comunicou ao Dnocs o problema. “Eles já vieram
aqui duas vezes. A primeira, foi em abril de 2011, a segunda em novembro
do ano passado. Apesar deles terem reconhecido o desperdício, nunca
fizeram nada. Até agora estamos esperando respostas e a água está se
gastando, caindo 12 metros por semana”, denuncia o morador, que nunca
havia visto o nível do lago tão baixo.
“Antes, eu tinha até medo de chegar perto, pois era água demais.
Agora o cenário está ficando tudo cinza”, relata Heleno Pereira,
impressionado com a aparição de pequenas “ilhas”, isto é, bancos de
terra no meio da barragem. Ele conta que o “macaco” hidráulico de uma
das comportas está sem compressão e por isso perdeu força para segurar a
água. “Desde que eu moro aqui, há dez anos, apenas uma comporta vivia
aberta e liberando pouca água”, relembra. Heleno faz questão de
acompanhar a lenta morte do açude averiguando, semanalmente, as
marcações do nível do lago.
“Eu ainda lembro, um dia que vi as águas baterem quase no topo
daquela escada”, relatou, apontando para as medições afixadas na parede
de uma estação elevatória dentro da barragem. Nesta terça-feira (21), a
série do FAROL vai expor a opinião do Dnocs sobre as
denúncias de desperdício de água e como os assentados de Serrinha vêm
sofrendo também devido a subutilização de um dos mananciais mais ricos
de Serra Talhada. (Farol de Notícias/Fotos: Alejandro Garcia)
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