'Era o que faltava para vida normal', diz transexual após trocar de nome
Aos 35 anos, Alexandra Adriana Braga de Vasconcelos conseguiu mais uma
vez vencer o preconceito. A pedagoga ganhou na Justiça de Mogi das
Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, o direito de ser
oficialmente reconhecida com o nome feminino, que adotou desde os 16
anos. A batalha começou há dois anos, logo após Alexandra ter feito a cirurgia de mudança de sexo.
"Essa é mais uma etapa concluída na minha vida. Era o que faltava para
eu ter uma vida normal. Vou poder viver sem constragimentos", desabafa.
O nome masculino nos documentos já fez com que Alexandra vivesse muitos
momentos constrangedores, principalmente quando o assunto é saúde.
"Fazer a ficha no hospital é sem dúvida a situação mais difícil para
mim. Mesmo a transexualidade sendo um problema de saúde pública, existe
muita gente despreparada para lidar com a situação", diz.
A vida profissional também teve reviravoltas por causa da
transexualidade. Antes de ser professora de educação infantil na rede
municipal de Mogi das Cruzes, ela não conseguia emprego. "A ignorância e
o preconceito fizeram com que muita gente fechasse as portas para mim."
Orgulhosa com a carreira que construiu, a pedagoga espera agora poder
andar de cabeça erguida nos corredores da escola. "Não vou precisar mais
esconder meu crachá no bolso. Vou poder andar com ele pendurado no
pescoço e sem medo", afirma.
Para conseguir a mudança de sexo, Alexandra teve que fazer vários
exames no Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo
(Imesc) e comprovar suas condições femininas. Foram dez exames e cerca
de R$ 1.000 gastos só com a parte clínica, sem contar os honorários do
advogado. "A Justiça demorou demais. Me pediram até exame de contagem de
cromossomos, que não fiz por conta do preço. Mas apesar de tudo isso
saímos vitoriosos. Estou muito feliz."
Alexandra preferiu não revelar o nome de batismo. A única coisa que diz
é que no atual registro, por respeito à família, irá manter um dos
nomes, alterando-o apenas para o feminino. "Não quero divulgar meu
ex-nome. O Alexandra escolhi ainda adolescente porque acho um nome
forte, o resto mantive por minha família." (G1)
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