Enem coloca conhecimento e nervos de candidatos à prova
Dois dias de exame, 10 horas de duração,
180 questões para resolver e mais uma prova de redação. Acrescenta-se a
essa complexa equação uma boa dose de estresse, cansaço, cobrança,
ansiedade, insegurança e muitas noites mal dormidas. É por essa
verdadeira maratona, que além de avaliar conhecimentos adquiridos, testa
ainda a resistência física e psicológica, que milhares de candidatos
que prestam o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) enfrentam a cada
ano.
Para não deixar os aspectos físicos e
emocionais se transformarem em seus maiores concorrentes, os estudantes
lançam mão das mais variadas fórmulas que possam levar ao sucesso. A
reportagem do G1 Pará ouviu alunos, professores e especialistas, que
garantem: a palavra-chave para vencer na batalha por uma vaga é
motivação.
O professor de biologia Marcelo Souza,
de 28 anos, encontrou uma forma inusitada de estimular seus alunos de
ensino médio e cursinho a enfrentarem o Enem com mais confiança.
Explicações detalhadas e baterias de testes não foram suficientes para o
professor, que costuma se inscrever no concurso e fazer a prova. Neste
ano, ele não fez diferente. “Acho que não basta ser professor, tem que
participar!”, brinca.
A reação dos alunos ao encontrá-lo nos
locais de prova vai da surpresa, passando pelo alívio e até mesmo
receio. “Muitos me olham com espanto e perguntam ‘Professor, o que você
está fazendo aqui?’ ou então vão direto ao ponto ‘Não vais fazer para
Medicina não, né, Marcelo?’ e outros se mostram aliviados e até brincam
‘Que sorte o professor aqui! Pode ser que eu precise de uma ajuda extra,
sabe?’”, relembra.
Segundo Marcelo, a prática tem
aperfeiçoado as aulas e otimizado os resultados. “Esse trabalho todo é
válido quando percebes o retorno que ele te dá, como educador, e
consequentemente, dá ao aluno. É na posição de aluno, sentindo a mesma
angústia dele, correndo contra o tempo, que pude observar as principais
dificuldades que a prova impõe”, enfatiza.
O apoio que faz a diferença
A trajetória da candidata Sueli Coelho, de 53 anos, rumo ao Enem, começa com uma pesada rotina. O dia ainda nem amanheceu e a moradora do bairro do Tapanã, situado na Grande Belém, já está dentro do ônibus que vai levá-la até o trabalho, no centro da cidade. Às sete da manhã, ela já está no prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, onde desempenha a função de servente.
A trajetória da candidata Sueli Coelho, de 53 anos, rumo ao Enem, começa com uma pesada rotina. O dia ainda nem amanheceu e a moradora do bairro do Tapanã, situado na Grande Belém, já está dentro do ônibus que vai levá-la até o trabalho, no centro da cidade. Às sete da manhã, ela já está no prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, onde desempenha a função de servente.
No fim da tarde, Sueli troca o uniforme
de servidora do órgão estadual pelo de estudante de um curso
preparatório para concursos públicos. No intervalo entre uma aula e
outra, faz exercícios e lê as apostilas de biologia, química, física,
história e outras disciplinas exigidas no certame. Ao chegar em casa,
quase à meia-noite, ainda resta tempo para estudar outras matérias que
fazem parte do conteúdo programático.
Os estudos, ela conta que retomou em
2007, cursando o ensino médio à noite em uma escola pública, após mais
de duas décadas afastada dos cadernos. “Casei muito jovem e logo tive
meus filhos, que precisavam dos meus cuidados. Como meu marido não me
apoiava, não queria que estudasse, passei todos esses anos investindo na
educação da Amanda e do Diego”. Já adultos e com formação
universitária, os filhos, diz a mãe orgulhosa, são os maiores
incentivadores na empreitada, além dos colegas de trabalho e de sala de
aula.
Mesmo diante das adversidades, Sueli se
diz confiante e preparada para o mais novo desafio. “É importante a
gente ter um sonho e acreditar nele. O meu, nesse momento, é cursar
Pedagogia. Então, seja jovem ou mais velho, é preciso ter o mesmo
esforço e a mesma dedicação para realizar qualquer objetivo que a gente
tem na vida”, revela. (G1)
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