Centrais racham e defendem valores diferentes para o salário mínimo

terça-feira, fevereiro 15, 2011 Inaildo Dionisio 0 Comentários


Força e UGT pedem R$ 560, enquanto CUT, CGTB e Nova Central mantêm R$ 580

Com a falta de receptividade às justificativas técnicas dadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, os manifestantes que lotavam o plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (15) preferiram acompanhar os pronunciamentos dos representantes das centrais sindicais, que discursaram na tribuna logo após o ministro.
Poucos compreenderam, no entanto, o recuo de duas delas, que abandonaram a luta pelo reajuste de R$ 580 e passaram a cobrar um aumento para R$ 560.
O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, disse que o recuo é, na verdade, um gesto ao governo de que os trabalhadores estão abertos à discussão - mesmo que não aceitem um reajuste menor que os R$ 560. O governo propõe o valor de R$ 545, e a votação ocorre nesta quarta-feira (16).
- Eu tenho uma certa vergonha de falar para os meus companheiros que estamos fazendo um cavalo de batalha para conseguir uma miséria de R$ 0,50 por dia. São R$ 15 a mais por mês. Por dia, dá uma moeda de R$ 0,50, que não dá para comprar nem dois pãezinhos na padaria. Por ora, são apenas R$ 0,06.
Paulinho foi ovacionado pelos manifestantes, mas ficou claro para os deputados presentes que as centrais racharam. Logo depois do deputado, o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Artur Henrique, também subiu à tribuna e manteve o discurso de cobrar um mínimo de R$ 580.
A fala do representante da CUT, no entanto, não apelou para a emoção. Talvez por conta da presença do ministro da Fazenda, Artur Henrique pontuou aspectos econômicos para defender o que as centrais cobravam do governo desde o início.
- Se o ministro gosta de comparar dados, eu digo que nos Estados Unidos, na Suécia, na Alemanha e na Itália, a participação da renda dos trabalhadores no PIB (Produto Interno Bruto) é de 67% a 72%. No Brasil, é de 42%. O salário mínimo é poderoso.
Para demonstrar que o salário mínimo é um item “poderoso” na economia nacional, o presidente da CUT ressaltou que, hoje, 47 milhões de brasileiros e brasileiras dependem dele.
- Um aumento de R$ 50 injeta na economia R$ 30 bilhões, e o governo também arrecada aproximadamente R$ 9 bilhões. Se país rico é país sem pobreza, queremos salário mínimo de R$ 580.
Canindé Pegado, secretário-geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores), foi na mesma direção da Força Sindical e apresentou o recuo para R$ 560.
O sindicalista contestou o discurso do governo, de que as centrais estariam querendo romper o acordo firmado em 2006, que prevê o reajuste do mínimo baseado na reposição da inflação do ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos antes.
- Não é verdade o que dizem que queremos rasgar o protocolo de intenções. Essa é uma política de Estado e que tinha de ser revista justamente em 2011. Também não é verdade que esse aumento arrasaria prefeituras. O que arrasa o governo e as prefeituras é o clientelismo, que contrata sem concurso e não planeja os gastos.
A CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), representada pelo presidente Antonio Neto, e a Nova Central Sindical, com José Calixto, mantiveram as posições iniciais e, juntamente com a CUT, ainda cobram o reajuste do mínimo para R$ 580.

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