Massacre do Carandirú: ex-governador, Fleury apoia PM e afirma que não tomou decisão de invadir Carandiru
O ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho afirmou em
depoimento durante o julgamento de 26 PMs acusados de participar do
massacre do Carandiru que a decisão de entrar no presídio foi tomada
pelas autoridades presentes no local. Ele ressaltou, porém, que a ordem
foi "necessária" e "legítima".
Fleury disse que estava em Sorocaba, no interior de São Paulo, no
momento dos acontecimentos e ressaltou que chegou às 16h à capital
paulista, após a ação ter ocorrido. Ele lembrou que ainda enfrentou
dificuldades típicas do período, como a falta de telefonia celular.
Fleury foi a quarta testemunha de defesa ouvida no segundo dia do
julgamento que ocorre no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São
Paulo. Apesar de ressaltar que não estava à frente da operação,
confirmou uma declaração dada anteriormente de que “teria dado” a ordem
caso estivesse em seu gabinete. Ressaltou ainda que a decisão de entrar
foi correta.
“O que aconteceu, o que digo sempre, é que a ordem para entrada foi
absolutamente necessária e legítima. Já existiam pessoas que estavam
matando umas as outras. A Polícia não pode se omitir", disse o
ex-governador.
Fleury disse que no dia dos fatos recebeu inicialmente a informação de
que havia 40 mortos, depois 60, e que apenas no dia seguinte soube que
eram mais de 100.
"Quando cheguei ao Palácio soube que a polícia já havia entrado no
Carandiru. O secretário da Segurança [Pedro Campos] disse que havia
necessidade e que contou com outras autoridades que estavam presentes na
ocasião", afirmou Fleury.
Nesta etapa do julgamento do massacre são julgados 26 dos 79 policiais
militares acusados de participar da invasão à Casa de Detenção, em 2 de
outubro de 1992, para conter a rebelião de presos. Cento e onze detentos
foram mortos. Os 26 réus respondem em liberdade pela morte de 15 deles
no 1º andar do Pavilhão 9.
Governador apoio corporação
Em seu depoimento, Fleury foi confirmou ter sido militar e elogiou a PM de São Paulo. "Os homens passam e a corporação fica", afirmou.
Após ser perguntado pela advogada dos PMs, Ieda Ribeiro de Souza, ele confirmou ser sua a frase que diz: "minha polícia nunca se omitiu".
Ele também rebateu críticas por não ter participado diretamente das investigações. "Governador não é presidente de inquérito. Eu já disse à senhora que tomei conhecimento posteriormente", disse em resposta à advogada. Fleury afirma que administrou São Paulo sob inflação alta, discutindo a dívida do estado e vivia sob muita pressão.
O governador também deu ênfase às palavras no momento em que fala que vivia sob muita pressão política e econômica no perído. Questionado sobre sua responsabilidade no resultado do episódio, Fleury respondeu: "nenhuma". (G1)
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